França, 2019
Título Original: Les Parfums
Artistas: Emmanuelle Devos, Grégory Montel, Gustave Kervern, Sergi López
Direção e roteiro: Grégory Magne
Gênero: comédia dramática
Duração: 100 minutos
Por Carmem Pineda
O diretor e roteirista francês Grégory Magne assina seu segundo filme com “Perfumes”. Endurecido em seriados televisivos, “Perfumes” é seu segundo longa-metragem, depois de “L´air de rien” (2012). Magne, inúmeras vezes, tocou no assunto de encontros improváveis, aparentemente atípicos, mas no final das contas funcionando maravilhosamente.
“Perfumes” é um filme sensível e discreto que mistura a parte dramática com toques de humor. Interpretado por Emmanuelle Devos, uma das melhores atrizes francesas da atualidade, no papel de Anne Walberg, famosa celebridade do mundo dos perfumes, o filme narra a relação entre duas pessoas que, a priori, nada têm a ver uma com a outra. . Walberg é uma “nariz” muito famosa que já criou perfumes de alto nível no passado, mas, devido a um acidente profissional, ela é forçada a vender seu talento para empresas, nas quais ela não tem nenhum interesse. Caprichosa, egocêntrica e um tanto taciturna nas relações humanas, ela se depara com a partilha de certos momentos com um novo motorista, Guillaume (Grégory Montiel), cujas origens sociais e pessoais nada têm a ver com ela. O relacionamento entre eles é tenso devido ao caráter diva do criador do perfume, mas isso vai mudar à medida que cada um entender as motivações do outro.
O choque entre os dois será inevitável, mas a vida os unirá até que formem um tandem inseparável. O filme é interessante na sua abordagem inicial e defende a mensagem de que, se todos quisermos, podemos compreender-nos, apesar das nossas diferenças. A narração é bem feita, embora não seja perfeita, porque o processo de abordagem não é totalmente compreendido. Isso teria exigido um desenvolvimento maior e mais detalhado no roteiro. Dá a impressão de que o diretor, também roteirista neste caso, tem certa pressa em aproximar os dois personagens, mas não se sabe bem como eles chegaram lá.
Embora haja essa falha de roteiro, o resto do filme é bem rodado, bem interpretado e tem uma certa doçura que o torna atraente tanto do ponto de vista da profissão de "nariz", com a qual aprendemos bastante, quanto da visão humana dos personagens, em que se destacam os medos ou angústias que todos podemos ter em nossas vidas.
“Perfumes” tem o mérito de contar uma história sensível, discretamente e sem grandes exageros, com uma fotografia em tons quentes. Um filme que se encaixa bem em um certo tipo de cinema francês onde olhares, sentimentos e sentidos têm precedência sobre as palavras.
"Perfumes" estreia na Espanha, em 30 de dezembro de 2020