The Man Who Could Reign, dirigido por outro grande, Johan Huston, baseado em uma história do grande Rudyard Kipling. Quando vi esse cara alto ao lado de outro loiro irônico e despreocupado chamado Michael Caine, não consegui mais tirar os olhos da tela. Eram dois atores, que te levavam para onde queriam, que viviam aventuras, mas pareciam eles próprios aventureiros, já não se viam os atores, mas sim os personagens.
Aí eu vi os filmes do James Bond e gostei muito daquele ar irônico do Sean Connery, o ator que eu já acompanhava, um dos grandes. Eu era mais parecido com Roger Moore, porque quando era pequeno achava que poderia ser aquele galã britânico, mas não poderia ser, é claro. Connery foi ótimo em Marnie the Hitchcock Thief, mas também inesquecível na bela e poética Robin and Marian, dirigida por Richard Lester, com a inesquecível Audrey Hepburn.
Sean Connery sempre teve um porte elegante, seus diálogos nos faziam ouvir com atenção, pois seus personagens pareciam conhecer o segredo da vida, a verdade da existência. Em The Immortals ou The Untouchables de Eliott Ness, mas também em filmes tão profundos como The Offense, dirigido por Sidney Lumet, com um grande Richard Harris ao lado.
Ele foi morar na Espanha, em Marbella e se tornou um dândi rico, até que Hacienda pediu que ele prestasse contas, enquanto desfrutávamos de seu personagem Rei Arturo ou o incrível policial na claustrofóbica Atmosfera Zero.
Connery era um cara próximo, mas também distinto, que se diferenciava de outros atores ingleses (Connery era escocês) por seu olhar sedutor, que não lembrava o de Olivier ou outros grandes como Bogarde, James Mason ou David Niven.
Lembro-me com admiração daquele olhar para o mundo, onde o caráter de um homem que parecia saber de tudo nos deslumbrou com seu olhar irônico. Se eu tivesse que escolher entre seus muitos papéis, acho que aquele louco maravilhoso do filme de Irving Kershner com o mesmo título, junto com Joanne Woodward, representa o tipo peculiar, ele era o escritor um tanto louco e neurótico que fascinava as mulheres.
Ele poderia reinar, como no filme de Huston, mas no final somos todos feitos de barro e sua grandeza acabou porque a morte não entende grandes atores ou tipos enormes que despertam admiração e atração. Agora ele descansa nas Bahamas, onde foi dormir e não acordou, um ataque cardíaco tirou uma lenda, mais um daqueles que já percorreram este longo e tortuoso caminho da vida.

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